O
Anime Friends 2025 foi o maior evento de cultura pop asiática da América
Latina. Foram mais de 150 mil pessoas entre os dias 3 e 6 de julho, no Distrito
Anhembi, em São Paulo. Na quinta-feira, foram cerca de 45 mil ingressos
gratuitos, permitindo que milhares de interessados mergulhassem nesse universo.
Cerca
de sete mil estudantes da rede municipal aproveitaram o evento gratuitamente.
Esta foi a primeira vez nossa participação no primeiro dia. E realmente foi bem
interessante ver a presença dos estudantes. Pelos olhares deslumbrados,
certamente deve ter sido uma experiência marcante. A iniciativa de fazer um dia
gratuito com programação real é algo tão positivo que o evento deve manter este
dia gratuito. Mesmo sem os recursos dos ingressos, o dinheiro continua girando
em compras e alimentação.
Dentro das várias atrações, destacamos algumas, já que era impossível cobrirmos tudo. Houve a palestra de Yukari Fujimoto, especialista em mangá, com foco em shoujo e BL. Dos vários assuntos que ela dissertou, Fujimoto disse conhecer o meio acadêmico brasileiro. Fora isso, ela apontou que de certa forma, Capitain Tsubasa acabou sendo importante porque as autoras passaram a "parodiar" fazendo histórias de amor entre os personagens, ocasionando na expulsão do estilo yaoi pelo mundo. E, que hoje, o estilo Boys Love está mais “para cima” e menos pesado do que na época que era yaoi nos anos 1980.
Este ano, o evento recebeu a ilustre presença de Shinichiro Watanabe, diretor de sucessos como Cowboy Bebop, Samurai Champloo e o recente Lazarus. Watanabe já havia vindo para o Brasil em 2011 para o Anima Mundi. Ele nos respondeu que “a principal diferença entre 2011 e agora é a ‘energia’ do público do AF. No Anima Mundi era um público mais artístico... “ Fora isso, um dos desejos do diretor é fazer algo no estilo terror. E que gostaria de trabalhar uma continuação de Samurai Champloo, se tiver oportunidade.
Quem também veio para o Brasil pela segunda vez foi Do As Infinity. A dupla fez temas de abertura e encerramento de InuYasha. Eles não respondem quais animes que fizeram temas, a dupla assistiu. Provavelmente, era o tipo de pergunta que não poderiam responder claramente. Mas, quando perguntados quais animes gostariam de ter feitos temas, a vocalista Tomiko Van disse Doutor Slump e Ryo Owatari apontou que One Piece. Das coisas que gostariam de fazer aqui no Brasil, uma dela seria um show no RJ.
Mas, o
evento também nos trouxe também atrações nacionais interessantes, como os
protagonistas de Dan Da Dan: Renan Vidal, Bruna Laynes e Hannah Buttel. Esta
última, que dublou a Momo, contou que realmente foi meio tenso ter feito o
final da última temporada. E os três contaram que é super tranquila a relação
com a equipe de dublagem do Crunchyroll.
Além deles, também houve a presença de dubladores de outro sucesso: Frieren. Jacque Souza, Maria Clara Rosis e Lucas Miagusuku estiveram presentes e, assim como muitos fãs, eles também acham que o final ideal seria a Frieren partir para junto dos companheiros antigos. Mas, uma partida bonita, depois de compreender a vivência dos seres humanos por meio de Fern e Stark.
Uma das palestras curiosas foi do retorno da revista Herói. André Forastieri, Odair Braz Jr e Marcelo Del Greco falaram curiosidades da produção da épica revista nos anos 1990. E os desafios de fazer uma nova publicação especial. Curiosamente, muita gente entre o público seguiu a carreira de jornalista ou geek graças à revista.
E não podemos esquecer de uma das áreas mais importantes do evento: o Artist´s Alley. Haviam artistas como materiais com estilos variados, mas a maioria era obviamente o estilo mangá e anime. Com obras originais ou baseadas em animes, ficou claro que o espaço reflete o sucesso de algumas produções. Com especial atenção a Diários de uma Apotecária. Diversos artistas relataram que os materiais que levaram desta obra acabavam muito rápido, sendo que alguns tiverem que correr em gráficas para repor adesivos, chaveiros, desenhos A4, A3, etc.
A presença de editoras de mangás como JBC, Panini, Newpop era algo esperado. Comix, Piticas também estiveram presentes e houve o retorno do Crunchyroll, que deu destaque a sua mais recente exibição: Gachiakuta. Anime Onegai se fez presente exibindo animes em todos os dias. A grande decepção foi o painel do Disney+. Chamaram a imprensa para, ao nosso ver, apresentar nada. O pouco público presente ficou atônito. Não era apatia, era espanto por não ter nada relevante na apresentação da empresa.
E estas
foram apenas as atrações as quais conseguimos acompanhar. Houve muitas outras
que, certamente, outros veículos de comunicação acompanharam. Sobre o evento em
si, o ônibus gratuito funcionou muito bem, tendo fila somente o primeiro dia. A
organização interna funcionou muito bem. Pessoal que trabalhou no evento
continuou atencioso mesmo no final no evento, quando normalmente a galera está
bem cansada. O grande lado ruim do AF o público geral não sentiu. A sala de
imprensa ficava, lastimavelmente, próxima da área de fumantes. Tivemos que
sentir o cheiro horroroso de cigarro em todo o momento que estivemos na sala.
Assim,
o que podemos dizer é que o Anime Friends 2025 foi um evento que tinha atrações
realmente para diversos grupos dentro do universo pop oriental. O evento agora
faz parte do grupo Omelete & Co. Mas, a gente espera sinceramente que o
organizador do CCXP não interfira na organização do Anime Friends, que tem
funcionado muito bem nos últimos anos.
Além
de tudo isso, o que é possível dizer enquanto uma véa otaku que acompanha eventos
deste o primeiro deles, o Abrademi Contest, é: aproveite. Se quiser ir assistir
a um show, ver um artista, aproveite enquanto tenha grana ou pique. Porque com
a idade, algumas coisas ficam mais difíceis, por exemplo, de acompanham os
shows. Tendo recursos e pique, aproveite o evento para, no futuro, ter boas
memórias.
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