Ne Zha 2: o renascer da alma - animação

 


Ne Zha 2: o renascer da alma (哪吒2) é um donghua, expressão em chinês para animação ou desenho animado. O AQA é um site prioritariamente sobre animes, mas abrimos “aspas” para este título. E há alguns motivos. Um deles é a estreia no cinema dia 25 de setembro, outra razão é que Ne Zha 2 se tornou a animação mais lucrativa da História do cinema, passando diversos medalhões americanos como Divertida Mente 2, O Rei Leão, Frozen 2, etc.

“Na sequência do sucesso de 2019, após a batalha final do primeiro filme, os espíritos de Ne Zha e Ao Bing têm seus corpos destruídos. Reerguidos pela flor de lótus, os dois precisam unir forças para enfrentar dragões marinhos que ameaçam a Passagem de Chen Tang. Ao longo dessa jornada, descobrem sacrifício, amizade e seu verdadeiro destino como heróis da humanidade.”

Cabe apontar que a animação é cheia de simbolismos da cultura chinesa. Apesar de ser chamado a todo momento de demônio, Ne Zha e Ao Bing são duas figuras opostas, mas complementares. Comportamentos, temperamentos, desenho de personagens sendo um com tom vermelho e outro azulado. Tanto que em diversos momentos, o símbolo Yin e Yang é posto para representar os dois.

Ne Zha é uma divindade chinesa que aparece no taoísmo, no budismo e na religião popular chinesa, sendo conhecido como o "Marechal do Altar Central" e o "Terceiro Príncipe do Lótus”. Ele também seria o protetor das crianças.

Já a figura do dragão é algo fortíssimo na figura de Ao Bing. É interessante ver como os chineses interpretam esta divindade. Um dos motivos que fizeram a animação Mulan ter fracassado na China foi a representação do dragão. Claramente, a figura que é mitológica para nós, é extremamente importante para os chineses. Dragões são sempre apresentados como seres de muita força e sabedoria.

Por ser uma continuação, por alguns momentos o título pode ficar um pouco confuso. Mas, em diversas ocasiões há referências e flash back do primeiro longa-metragem. É o tipo de obra que realmente é para ter a classificação indicativa que recebeu: 14 anos. Isso porque a história pode ser um tanto confusa para crianças. Também tem como um dos temas a guerra e cenas visualmente NÃO adequadas por conta disso. Mas, tirando a seriedade da guerra em si, é uma história sobre superação e confiança.

Visualmente, é uma animação impecável, não deixando nada a dever aos CGI americanos. Com especial atenção às cenas de lutas e cenários deslumbrantes. Os desenhos de alguns personagens podem ser um tanto diferentes. Alguns esteticamente bonitos e outros não. Aqui apontamos que o “bonito” pode ser algo que tanto nós como  o que os chineses entendem como tal. E isso também fica claro dentro da própria animação.

Algumas de nossas visões da cultura chinesa vieram de animes como Dragon Ball e Ranma 1/2. Como a relação com os dragões, moral, exércitos, lugares. Inclusive, um dos locais é bem parecido com as montanhas onde Ranma e o pai vão e acabam se transformando. Também temos a presença de um “Xaomao”. Lembrando que a Maomao de Diários de Apotecária é chamada assim como forma carinhosa por Gaushun.

Ao assistir ao filme, temos a oportunidade de ver os próprios chineses representando a si mesmos. Interessante de ser assistido no cinema tanto pelo visual (especialmente por isso) quanto pelo conhecimento de uma cultura tão diversa. Apontamos a necessidade de ir com a cabeça aberta, pois algumas situações podem ocasionar estranhamento, especialmente o humor, por vezes ácido ao extremo.

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