Bastard 2022

 ATENÇÃO: texto com conteúdo e imagens de teor sexual.

Recomendação: 18 anos.

 


Bastard!! Ankoku no Hakaishin (BASTARD!! ―暗黒の破壊神) é um dos mais recentes animes lançados pelo Netflix. É baseado no indiscutível mangá controverso lançado no final dos anos 80. De Kazushi Hagiwara, curiosamente, o título ainda não foi finalizado porque o autor simplesmente lança quando ele quer. Ganhou em 1992, um OVA composto por seis episódios. O serviço streaming Netflix trouxe o título de volta em 2022.

Como o mercado brasileiro tem e teve em sua maioria, visões masculinas desta história, fica aqui uma visão feminina desta obra sempre posta como machista e cujo personagem é apontado como arrogante, egocêntrico e (claro) machista ou quaisquer outras definições negativas. Fez e ainda faz muito sucesso entre o público masculino.

Quando vemos alguns comentários internet afora, parece que são justamente o tom viril, as mulheres “gostosas” e violência que agradam aos expectadores. Mas, aos menos nestes 13 primeiros episódios, é possível inferir alguns pontos positivos de uma visão feminina.

Dark Schneider era um mago maligno que lutou séculos atrás contra várias forças, mas foi adormecido. Na atualidade da história, com o Exército Rebelde das Trevas cada vez mais perto do Reino de Meta-llicana, existe a necessidade de trazê-lo de volta. Contudo, a alma dele está adormecida no jovem Lucien Renlen.



E é aqui que inicia a controversa; Dark Schneider só pode ser revivido com um beijo de uma virgem. E ele é revivido. Há muitas lutas, alguma violência. Apesar da fama também de violenta, a história não é das piores neste sentido. Mas, o que chama a atenção são justamente os comentários de que Schneider é safado, egocêntrico, boca suja.

Ele realmente era tudo isso na vida anterior. Inclusive, tinha um harem. Mas, na “vida atual” em que ele vai e volta como Lucien e Dark Schneider, o protagonista ainda é tudo isso. Sabe que é bonito, sabe que mexe com os hormônios das mulheres. E ele deixa isso claro, que ele sabe.

Dark Schneider passa a mão na mulherada. O que é divertido para os espectadores, pode ser um ato curioso para as mulheres: nestes 13 episódios – e quem leu o mangá diz que o anime está seguindo a risca – na nova vida, ele efetivamente não teve relação mais efetiva com nenhuma. Dark Schneider gosta de deixar as mulheres excitadas, mas não houve efetivamente penetração.

E em meio a algumas cenas com duplo sentido, em uma delas, ele parece fazer sexo oral em uma das garotas. Mesmo que não seja, a imagem e contexto dão a entender isso. O “herói” deixa claro que gosta de vê-las sentir prazer.



Talvez o autor não tenha percebido, talvez os espectadores homens não tenham percebido. Mesmo que seja por algum tipo de egocentrismo dele, independente dos motivos, Dark Schneider faz de tudo para ver as reações excitadas das mulheres, sem ele mesmo receber nada em troca.

Mas, porque isso é tão importante? Porque ao que parece, o prazer feminino ainda é um grande tabu no universo dos quadrinhos. Basta ver como uma notícia como esta, falando da censura justamente deste tema. Por que o prazer feminino causa constrangimento em executivos?

Dark Schneider está aí para mostrar que sim, um protagonista pode dar prazer sem receber nada em troca. Sim, pode ser “gostosão”. Sim, isso tudo em um mangá para o público masculino. Muitos leitores têm em Dark Schneider um “modelo”, pois ele fica passando a mão em várias mulheres. Aparentemente aproveitando-se delas. Quão não é só isso, não.

Com um pouco mais de atenção, vê-se que ele não é convencional. Ele pode sim ser um modelo. De um homem que não tem receio e gosta realmente de mulher e que sabe como satisfazer uma. Este é uma outra visão do personagem, que a maioria das resenhas não vê. No final, dá até para dizer que Dark Schneider sim, é um personagem lacrador.


E como a base é o mangá, lá nos anos 80, este era um ponto revolucionário. Ainda agora, em pleno século XXI, parece que o prazer feminino ainda é tabu. Mesmo com alguns momentos controversos, como a relação dele com Arshes Nei, que também precisa ser vista com atenção e não simplesmente a primeira vista, o protagonista no geral é importante pelos motivos e quiçá, outros mais. Dark Schneider “vence” ao saber agradar as personagens com que ele se relaciona. E, consequentemente, AS expectadoras.

A segunda parte chegará ao Netflix em setembro. Certamente com a mesma qualidade técnica e excelente dublagem nacional.

Postar um comentário

0 Comentários