Resenha CCXP24

Esta é a primeira “resenha” que foge dos textos habituais. São considerações positivas e negativas do CCXP24, o maior evento de cultura nerd/ geek do mundo, que aconteceu de 5 a 8 de dezembro deste ano. Tanto do evento maior quanto das atrações menores, como palcos e estandes. Também teço apontamentos do Unlock, que é a parte de “negócios” que ocorreu nos dias 3 e 4 de dezembro.

 Sobre esta parte, vale a apontar que as palestras foram interessantes em alguma medida. Em especial as que tocavam no ponto da IA. Chega a ser curioso que ao longo do evento se têm debates – especialmente no palco Universe – contra a IA, mas na parte de negócios são chamados profissionais muito a favor da Inteligência Artificial. Os brindes foram bem úteis. Afinal, uma mochila é sempre uma mochila, né...

Dentre os pontos positivos, houve uma melhor distribuição das atrações do palco Thunder. É importante haverem atrações diversificadas para que os públicos interessados entrem e saiam do espaço, dando oportunidade para o amiguinho nerd. Quando a divisão era por estúdio, muita gente ficava o dia inteiro no local, tirando a oportunidade de outras pessoas entrarem.  

A parte da alimentação também está melhor distribuída. O espaçamento de atrações “barulhentas” melhorou também. Em 2022 e  2023, simplesmente não dava para ouvir nada do palco Bentô (agora palco Universe). A distribuição deste ponto melhorou. Aparentemente, o camarim da área cosplay também continua muito supimpa.

Contudo, é preciso levantar alguns pontos bem desfavoráveis no evento. O primeiro deles é referente ao transporte. Com um número de público semelhante do Festival do Japão, é impressionante que o transporte funcione bem na convenção nipônica e NÃO no CCXP.  A organização deveria verificar melhor esta questão.  

Outro ponto bem desagradável foi a participação dos “influencers”. Aparentemente, eles poderiam parar uma ativação para fazer vídeos. Isso ajudou e muito a causar filas. Vide a atração quadribol da Warner.  Chega a ser uma baita falta de respeito com as pessoas pagantes na fila ter que esperar para que “influenciadores” fizessem seus vídeos dentro da atração.

A desorganização em relação a alguns artistas do Artists´Valley também chamou a atenção. Sabe-se que alguns quadrinhistas são queridos e vão atrair público. Formaram-se algumas filas estranhas, um aglomerado de gente que não sabíamos se estavam em uma fila para ver artistas ou filas para o banheiro. As boas e velhas marcações no chão ao estilo “antigo de fila de banco” resolveriam a situação.

Sobre os bebedouros. Havia uma área da Sabesp próxima ao palco Omelete, que sinceramente imagino que muita gente não sabia da existência. Uma  divulgação melhor nas redes sociais destas área teria sido muito grata.  Desafogaria as filas nos bebedouros próximos dos banheiros. Inclusive, para estes bebedouros seria interessante haver algum carpete embaixo deles para “segurar” um pouco as poças d´água. É muita gente e o pessoal da limpeza não dá conta de enxugar.

Apesar da grandiosidade dos números, chamou a atenção as ausências da Disney (novamente) e Netflix que têm ou farão seus próprios eventos, a Universal e a Comix Store.  E a Paramount poderia ter aproveitado seu espaço para divulgar a marca Pluto TV. Por mais incrível que pareça, muita gente não conhece.

Das ativações das empresas, apesar do estande grandioso, a Globo poderia ter aproveitando melhor sua  própria marca com atrações.  O pessoal da Nintendo poderia ser um pouco menos antipático. Desde o primeiro dia, todos eles demonstraram uma antipatia que nunca presenciei antes em nenhum dos outros estandes.

Neste sentido, a galera que trabalhou na Warner realmente deu um baile em todo mundo. Em todas as áreas que fui, o pessoal era solícito e atencioso. Mesmo no domingo, dia que todo mundo já está de saco cheio.

Já o Crunchyroll melhorou bastante a lojinha. Mas, pode melhorar mais fazendo mais acordos para 2025 e levar produtos, por exemplo, de Diários de uma Apotecária. E, como os produtores aparentemente não podem falar muito, talvez seja o caso de trazer dubladores como fez com Demon Slayer.

E o ar condicionado estava exageradamente frio. Destoou demais do clima do lado de fora. É importante fazer uma medição com base no corpo feminino para não causar mal-estar. Porque sim, mulher sente mais frio que homem e nosso incômodo é maior.

Aparentemente, o público foi menor agora em relação ao ano passado. E quiçá até mesmo que 2019. Ano que considero o melhor até o presente. Fui a praticamente todos os CCXP presenciais e no passo que melhorou muito em diversos setores, continua carecendo melhorias em muitos outros.

Ainda vale a pena de forma geral. Mas, o que era uma benção pode se tornar a “calamidade” do evento. Isso porque o CCXP talvez tenha se tornado  muito “refém” das grandes distribuidoras. Já imaginou se cada uma das grandes decidisse fazer seus eventos próprios como a Disney e Netflix?

Por fim, havia a presença do Greenpeace, que entre outras coisas, diz defender o verde, a transição energética, redução de consumo de carne. Ou seja, uma presença totalmente desconexa com o evento, que apresenta tudo isso.  Seria muito mais interessante haver locais de reciclagem e descarte de metal (latinhas), plásticos e orgânicos. Fica a dica ao CCXP em 2025.

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